Comentário do Embaixador da Rússia em Portugal
A 20 de abril terminou uma série de visitas do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, aos países da América Latina e Caraíbas. O chefe da diplomacia russa visitou Brasil, Venezuela, Nicarágua e Cuba.
O programa denso desta deslocação não se limitava a conversações bilaterais ao nível de ministros dos negócios estrangeiros. Assim, Serguei Lavrov foi recebido pelo Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva e pelo seu Assessor Especial para os Assuntos Internacionais Celso Amorim, pelos Presidente Nicolás Maduro e Vice-Presidente Executiva Delcy Rodríguez da Venezuela, pelos Presidente Daniel Ortega e Vice-Presidente Rosario Murillo da Nicarágua, bem como pelo Representante Especial do Presidente para o Desenvolvimento da Cooperação com a Rússia Laureano Ortega, pelo Presidente de Cuba Miguel Díaz-Canel Bermúdez e pelo líder da revolução cubana Raúl Castro Ruz. No âmbito da viagem o Ministro russo também manteve contatos com o seu homólogo da Bolívia Rogelio Mayta Mayta e o Primeiro-Ministro de São Vicente e Granadinas Ralph Gonsalves.
A visita mais uma vez reafirmou, duma forma evidente, a inconsistência da alegação sobre o tal “isolamento internacional” da Rússia. As conversas com os parceiros dos Estados da América Latina e Caraíbas, que – guiados pelos interesses nacionais e pela vontade de seguir a política externa independente – não se juntaram às restrições ilegítimas contra o nosso país, destacou a similaridade de abordagens à problemática de construção duma nova ordem mundial mais justa à base da multipolaridade, respeito pelo Direito Internacional e igualdade soberana de Estados.
A problemática da Ucrânia, em relação a qual as posições dos nossos amigos estão parecidas às Russas, foi também abordada, mas não era o tema central das conversações. A atenção foi prestada, em primeiro lugar, aos caminhos de aprofundamento da cooperação bilateral multifacetada, inclusive nos domínios da concertação político-diplomática, comércio, energia, laços culturais, humanitários e turísticas. Por exemplo, devido à procura elevada pela juventude dos estudos nas universidades russas foi tomada uma decisão de aumentar a respetiva quota para os cidadãos venezuelanos, que agora atinge 200 bolsas. Outro marco foi a assinatura, em março, dum acordo intergovernamental com a Nicarágua sobre a cooperação no domínio da utilização pacífica da energia nuclear.
Resumindo, por mais que o Ocidente coletivo tente “sufocar” o nosso país e a sua economia, afastar Moscovo do diálogo internacional, todos estes esforços resultam em nulo. E por mais longo que os países ocidentais tentem introduzir a sua “ordem mundial assente em regras”, demonstrando na prática o menosprezo total pelo Direito Internacional e pelos próprios documentos legislativos, tornar-se-á mais evidente para o resto do mundo qual é o custo real das suas palavras, que efetivamente não valem nem um tostão furado.