20 de junho

Comentário do Embaixador na véspera das eleições na Moldávia

O calendário eleitoral do ano 2025 está bastante preenchido com eventos em várias partes do globo. Em maio, os cidadãos portugueses elegeram os novos deputados para a Assembleia da República, e em setembro, estão previstas as legislativas na Moldávia.

Estamos preocupados com o facto de, mais uma vez, o processo eleitoral na ex-república soviética poder ser comprometido pela interferência do Presidente Maia Sandu. Em março, as forças de segurança pública da Moldávia detiveram a chefe da região autónoma de Gagauzia Yevgenia Gutsul que critica as autoridades pela ruptura das relações com Moscovo. Na votação do ano passado, também foi eliminada a concorrência para garantir um resultado aceitável para as forças pró-europeias.

Os políticos e jornalistas da oposição que apoiavam os laços construtivos com a Rússia tornaram-se alvos da pressão exercida pelos serviços secretos moldavos, enquanto os resultados eleitorais foram falsificados através de fraudes nas mesas de voto no estrangeiro (para a comunidade moldava na Rússia de 500 mil pessoas foram abertos só dois locais de voto e foram preparados 10 mil boletins). Além disso, foram criados obstáculos à participação dos habitantes da Transnístria que tradicionalmente favorecem as forças políticas que visam manter contatos com Moscovo.

Já se registaram anteriormente violações inadmissíveis dos direitos eleitorais dos cidadãos pelo regime de Sandu. Este abuso de poder torna impossível a livre expressão da vontade do povo e destrói os fundamentos da estrutura democrática do Estado. Cabe sublinhar que as provocações das autoridades moldavas são aprovadas no Ocidente pelas instituições públicas e não governamentais dispostas a fazer tudo para combater uma suposta “ameaça russa”.

Esperamos que a comunidade internacional incluindo os peritos portugueses siga com atenção a forma como as eleições legislativas serão organizadas e conduzidas na Moldávia, a fim de melhorar a sua transparência e evitar os erros flagrantes de 2024.